Sobre coragem, desapego e entrega

Eu tava organizando meus rascunhos e encontrei um texto que não faço ideia de em que situação escrevi, mas gostei:

Não tenho coragem de largar minha vida de solteira, de possibilidades. Não tenho coragem de me entregar. Não agora. Posso te enganar perfeitamente, fazer você se sentir a pessoa mais querida do mundo. Basta um colo aconchegante a olhos fechados pra eu me sentir confortavel o suficiente a ponto de dispensar carícias, malícias. Não sou carente, muitas coisas me satisfazem muito mais que juras de amor. Sinergia. É pela boca que você se perde. Me perde. Ah se as relações fossem cunhadas à base do toque, da energia, dos olhares.

Não, eu não me sinto superior. Tá, eu me sinto. Mas quem não se sente? É fato, são pouquíssimos os homens(salvo os que não tenho segundas intenções e amigos/irmãos) que conseguem não me irritar. Posso passar uma bela noite tomando umas e outras com você, me divertindo horrores. Mas o modo com que você chama o garçom é capaz de me deixar completamente de bode. Pode ficar tranquilo pois sou educada, você não perceberá. Afinal de contas ainda preciso de sua carona pra voltar pra casa. Por que não vim de carro? Já está tarde.

Se eu busco um homem perfeito? A meu modo, sim. Claro que ele tem que ser perfeito pra mim, inclusive nos defeitos, senão não tem como. Aprendi desde sempre a questionar e me desapegar do que não me agrada. Não foram poucas as vezes que ouvi que eu intimido. Não que eu tenha dezenas de homens aos meus pés. Não sei se é de propósito, mas não faço a mínima questão de responder à alguém que tem como primeira alternativa o xaveco. Não chegue em mim do nada. Se tiver mesmo interessado, coma pelas beiradas. Uma boa conversa, um bom amigo, e um bom colo pra me aconchegar em silêncio. Isso me encorajaria.

Pri Garcia
---
Ouvindo: John Mayer - Perfectly Lonely