terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sobre turbulência


Que ano inesperado!
Eu precisaria de 3 meses pra descrever tudo que aconteceu em 2012, e ainda faltariam detalhes.
Na verdade, preciso considerar o último ano e meio como uma fase só.

Provavelmente, a frase que eu mais disse foi "é uma longa história, mas resumindo:"

Me sinto uma pessoa profundamente mudada. Mais dura, mais madura, muito mais segura.

Em certos momentos eu só queria acelerar o tempo pra que tudo de ruim fosse logo embora, mas eu sabia que cada momento de agonia e incerteza iria me fazer uma pessoa mais paciente e mais forte. Menos ansiosa, talvez.

Quando eu achava que nada de pior podia acontecer, lá vinha mais um tapa na cara. Mais uma lição torta que eu preferia não ter aprendido.

Essa foi a fase em que eu perdi mais lágrimas, dinheiro e inocência.

Muitas vezes me senti injustiçada pelo destino. Em outras, decepcionada por escolhas mal feitas.

Escolhas...

Vi a boa vontade de estranhos que me ajudaram a localizar o cara que deu PT no meu carro estacionado e fugiu.
Ví a má fé e a desconfiança do ser humano quando não confiaram que eu ficaria apenas mais três meses em Londres e não me deixaram entrar.
Aprendi o desapego da maneira mais dura, sendo obrigada a deixar tudo o que eu estava construindo pra trás.
Quando não tinha nada além de dividas enormes, que jamais imaginei que teria, aprendi a dar valor para o meu dinheiro e a economizar para o pior.
Fiz burrice: Renovei sem querer um contrato que não deveria nem ter sido feito e paguei um aluguel de um lugar que não uso há 5 meses.

Aprendi que a saudade e a dor de perder quem se ama não vão embora.
Senti muita saudade.

Aprendi a desconfiar das pessoas, porque ninguém é 100% bom ou ruim, e a confiar no meu instinto acima de tudo.

Falhei e recebi segundas chances. Falharam comigo e dei segundas chances.

Se não fosse por pessoas maravilhosas, verdadeiros anjos na minha vida, não sei como teria conseguido superar tudo.

Sofri uma epidemia de Bed Bugs.
Prestei IELTS.
Fui algemada, tomei banho e fiz uma refeição em uma cadeia inglesa.
Passeei muito.
Tirei muitas fotos.
Fui a muitas exposições e a alguns casamentos.
Comecei a assistir seriados americanos, coisa que nunca tinha feito.
Virei Zumbi numa festa à fantasia.
Conheci Inglaterra, Irlanda, Escócia, Itália, França, Alemanha e revisitei a Bélgica.
Morei com gente da Polônia, Itália, Espanha, Lituânia, China, Inglaterra, Nova Zelândia, EUA etc.
Visitei um campo de concentração nazista.
Conheci o Jamie Oliver.
Senti, pela primeira vez, o prazer de ter uma casinha minha, arrumada do meu jeito.
Tive minha primeira bicicleta dobrável.
Dormi uma noite em frente a um castelo.
Fiz uma melhor amiga de um país que eu praticamente não sabia a existência.
Conheci uma nova fruta preferida: O Pêssego turco.
Visitei uma catacumba repleta de ossos humanos empilhados.
Assisti à orquestra Simón Bolivar regida pelo Gustavo Dudamel no Royal Albert Hall.
Ví muita neve.
Visitei um templo Hindu.
Fiquei em segundo lugar em um concurso de poesia em inglês.
Fui a um festival incrível de música brasileira e africana, e a um carnaval de bloco de rua com Monobloco e Sargento Pimenta em Lodres.
Fui ao Lago Ness, mas não vi o monstro.
Recebi uma carta que eu escrevi pra mim mesma há dez anos.
Casei.

Descobri que eu não tenho medo de me perder, contanto que eu tenha um mapa em minhas mãos.

Aprendi que é possível gostar de um lado de uma pessoa que algum amigo meu não goste.

Felizmente, as coisas negativas não negativam as boas, muito menos a melhor de todas. Vivi um amor lindo que vence barreira atrás de barreira há 3 anos. Eu sou muito grata por ter alguém tão doce, paciente, inteligente, companheiro e amoroso ao meu lado, em cada vitória ou derrota, minha ou dele.

Ainda bem que eu parei pra fazer essa retrospectiva, porque no final das contas, aconteceram muitas coisas ótimas que deixaram lindas memórias.

Mas eu superei absolutamente tudo de ruim e sei que essa virada de ano vai ser uma virada nessa fase que fica pra trás.


 
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